A História do Pentecostalismo
A História do Pentecostalismo
Quando falamos em Pentecostalismo, referimo-nos a um fenômeno característico do século XX: o Avivamento ocorrido em Los Angeles, USA, há um século. Analisando a História da Igreja, podemos observar nitidamente que Deus sempre avivou ou reavivou a sua Igreja em várias ocasiões diferentes. Esses períodos da Era Cristã foram marcados por reavivamentos maravilhosos, onde Deus manifestou-se aos seus servos de forma sobrenatural.
No período da Reforma Protestante, no século XVI, Deus levantou homens como Martinho Lutero, João Calvino e John Knox. No século XVIII, ocorreu o Avivamento Morávio com o Conde Zinzendorf, o Grande Reavivamento na Inglaterra com John Wesley, Charles Wesley e George Whitefield e o Reavivamento Americano com Jonathan Edwards. Nenhum destes avivamentos foi conhecido como Pentecostal, pois o termo é do início do século XX, quando houve o derramamento do Espírito Santo nos USA, semelhante à manifestação que aconteceu no Pentecostes, conforme registrado em Atos dois e, por isso, denominado Pentecostal.
- Definição de Avivamento Espiritual
A palavra “Avivamento” vem do verbo “avivar” que significa: tornar mais vivo, despertar, reanimar-se e vivificar-se. John Stott define avivamento como: “... uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito soberano de Deus, pela qual uma comunidade inteira toma consciência de Sua santa presença e é surpreendida por ela”, (A verdade do Evangelho, p. 119). Devemos compreender que Avivamento é o cumprimento da Promessa de Deus em Joel dois e a resposta da oração, inspirada pelo Espírito Santo, do profeta Habacuque que dizia: "Aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos" . Avivamento é antes de tudo a manifestação de Deus no meio do povo através do Espírito Santo com a finalidade de renovar, reavivar e despertar a Igreja sonolenta e acomodada. O movimento Pentecostal é fruto de um Avivamento genuíno que ocorreu na América do Norte no início do século passado que se espalhou por todo mundo, inclusive no Brasil.
- Origens do Pentecostalismo
Tradicionalmente, reconhece-se o começo do movimento Pentecostal com o Avivamento ocorrido em 1906, em Los Angeles (EUA), na Rua Azuza, caracterizado pelo batismo com o Espírito Santo, evidenciado pelos dons do Espírito: línguas estranhas, curas, profecias, interpretação de línguas, etc. O Avivamento na Rua Azuza, rapidamente cresceu alcançando outros lugares e pessoas de vários partes do mundo que foram até lá para conhecer, de perto, o movimento.
Algum tempo depois, vários grupos semelhantes foram formados em muitos lugares dos USA, mas com o rápido crescimento do movimento, o nível de organização também cresceu até o grupo denominar-se Missão da Fé Apostólica da Rua Azuza. Com esse avivamento houve um despertamento espiritual e um fervor missionário por aqueles que iam sendo avivados.
- Pentecostalismo no Brasil
No Brasil, o Pentecostalismo chegou em 1910 e 1911 com a vinda de missionários que tinham sido avivados na América do Norte. O primeiro deles foi o Presbiteriano Louis Francescon, que dedicou seu trabalho entre as colônias italianas no Sul e Sudeste do Brasil, resultando no nascimento da Congregação Cristã no Brasil. Logo depois, os chegaram os batistas Daniel Berg e Gunnar Vingren que vieram como missionários para Belém-PA e, ali, iniciaram a Igreja Assembléia de Deus, em 1911.
Devemos entender que o Pentecostalismo brasileiro nunca foi homogêneo em razão de suas diferenças internas. O sociólogo Ricardo Mariano classifica o Pentecostalismo brasileiro em três vertentes: Pentecostalismo Clássico, Deuteropentecostalismo e Neopentecostalismo. Vejamos cada uma delas:
a. Pentecostalismo Clássico. A primeira vertente do Pentecostalismo reproduziu no Brasil uma tipologia Norte Americana e é chamada de “Pentecostalismo Clássico”, que abrange o período de 1910 a 1950. Esse é o período de fundação e “domínio” Pentecostal dessas duas denominações: A Congregação Cristã no Brasil e a Igreja Assembléia de Deus, que se difundiram em todo território nacional. Ambas caracterizavam-se pelo anticatolicismo, ênfase na crença no Espírito Santo, sectarismo radical, principalmente a primeira, e por um ascetismo que rejeitava os valores do mundo e defendia a plenitude da vida moral. Essa vertente constitui a maior Igreja Evangélica brasileira representada pela Assembléia de Deus atualmente.
b. Deuteropentecostalismo: A segunda vertente é chamada de “Deuteropentecostalismo” vindo através da Igreja do Evangelho Quadrangular, em 1951, com o Missionário Harold Willians[13]. Na capital paulista, ele criou a Cruzada Nacional de Evangelização e percorreu quase todos estados brasileiros. O seu trabalho era centrado na cura divina e na evangelização das massas, principalmente pelo rádio, contribuindo bastante para a expansão do Pentecostalismo no Brasil. Paralelamente, surgem duas Igrejas Pentecostais autônomas: “O Brasil para Cristo” (1955) e a “Igreja Deus é Amor” (1962), fundadas pelos missionários Manoel de Melo e David Miranda, respectivamente.
Nas décadas de 60 e 70, houve um movimento de avivamento com manifestações carismáticas, ou seja, pentecostais, nas Igrejas Tradicionais tendo como resultado o surgimento de vários grupos denominados “Renovados”. Há, a partir desse período, uma proliferação de novas Igrejas Pentecostais, como por exemplo, a Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil, Convenção Batista Nacional, Igreja do Avivamento Bíblico, Igreja Metodista Wesleyana, Igreja Cristã Maranata, entre outras.
c. Neopentecostalismo: A terceira vertente é a Neopentecostal. O neopentecostalismo tem início na segunda metade dos anos 70. São igrejas fundadas por brasileiros que, influenciados por movimentos norte-americanos, começaram suas denominações com características diferentes das duas vertentes anteriores. A Igreja Universal do Reino de Deus, Internacional da Graça de Deus, Comunidade Sara Nossa Terra e a Renascer em Cristo, estão entre as principais. As igrejas Neopentecostais se utilizam intensamente da mídia eletrônica para propagar seu movimento, funcionam como empresas e pregam a Teologia da Prosperidade. O Neopentecostalismo constitui a vertente pentecostal mais influente e a que mais cresce hoje no Brasil.
O Pentecostalismo iniciado na Rua Azuza, em 1906, está completando um século. E, como resultado de sua consistência e seriedade, tem se mantido por todo esse tempo e com certeza continuará até a volta do Senhor. Os desvios e abusos que eventualmente têm surgido não podem descaracterizar aquilo que nasceu no coração de Deus, que é reavivar o seu povo para uma obra do fim. Que Deus nos ajude a ser renovados cada dia!!!
4. Bibliografia
CÉSAR, Elben M. Lens. História da Evangelização do Brasil. Viçosa, MG: Ultimato, 2000.
MARIANO, Ricardo. Neopentecostais. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
TUCKER, Ruth. “...Até os Confins da Terra.” São Paulo: Vida Nova, 1986.
www.monergismo.org. com
Pr. Florencio de Ataídes