A História do Pentecostalismo

07/11/2011 17:59

A História do Pentecostalismo

Quando falamos em Pentecostalismo, referimo-nos a um fenômeno característico do século XX: o Avivamento ocorrido em Los Angeles, USA, há um século. Analisando a História da Igreja, podemos observar nitidamente que Deus sempre avivou ou reavivou a sua Igreja em várias ocasiões diferentes. Esses períodos da Era Cristã foram marcados por reavivamentos maravilhosos, onde Deus manifestou-se aos seus servos de forma sobrenatural.

No período da Reforma Protestante, no século XVI, Deus levantou homens como Martinho Lutero, João Calvino e John Knox. No século XVIII, ocorreu o Avivamento Morávio com o Conde Zinzendorf, o Grande Reavivamento na Inglaterra com John Wesley, Charles Wesley e George Whitefield e o Reavivamento Americano com Jonathan Edwards. Nenhum destes avivamentos foi conhecido como Pentecostal, pois o termo é do início do século XX, quando houve o derramamento do Espírito Santo nos USA, semelhante à manifestação que aconteceu no Pentecostes, conforme registrado em Atos dois e, por isso, denominado Pentecostal.

  1. Definição de Avivamento Espiritual

A palavra “Avivamento” vem do verbo “avivar” que significa: tornar mais vivo, despertar, reanimar-se e vivificar-se. John Stott define avivamento como: “... uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito soberano de Deus, pela qual uma comunidade inteira toma consciência de Sua santa presença e é surpreendida por ela”, (A verdade do Evangelho, p. 119). Devemos compreender que Avivamento é o cumprimento da Promessa de Deus em Joel dois e a resposta da oração, inspirada pelo Espírito Santo, do profeta Habacuque que dizia: "Aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos" . Avivamento é antes de tudo a manifestação de Deus no meio do povo através do Espírito Santo com a finalidade de renovar, reavivar e despertar a Igreja sonolenta e acomodada. O movimento Pentecostal é fruto de um Avivamento genuíno que ocorreu na América do Norte no início do século passado que se espalhou por todo mundo, inclusive no Brasil.

  1. Origens do Pentecostalismo

Tradicionalmente, reconhece-se o começo do movimento Pentecostal com o Avivamento ocorrido em 1906, em Los Angeles (EUA), na Rua Azuza, caracterizado pelo batismo com o Espírito Santo, evidenciado pelos dons do Espírito: línguas estranhas, curas, profecias, interpretação de línguas, etc.  O Avivamento na Rua Azuza, rapidamente cresceu alcançando outros lugares e pessoas de vários partes do mundo que foram até lá para conhecer, de perto, o movimento.

Algum tempo depois, vários grupos semelhantes foram formados em muitos lugares dos USA, mas com o rápido crescimento do movimento, o nível de organização também cresceu até o grupo denominar-se Missão da Fé Apostólica da Rua Azuza. Com esse avivamento houve um despertamento espiritual e um fervor missionário por aqueles que iam sendo avivados.

  1. Pentecostalismo no Brasil

No Brasil, o Pentecostalismo chegou em 1910 e 1911 com a vinda de missionários que tinham sido avivados na América do Norte. O primeiro deles foi o Presbiteriano Louis Francescon, que dedicou seu trabalho entre as colônias italianas no Sul e Sudeste do Brasil, resultando no nascimento da Congregação Cristã no Brasil. Logo depois, os chegaram os batistas Daniel Berg e Gunnar Vingren que vieram como missionários para Belém-PA e, ali, iniciaram a Igreja Assembléia de Deus, em 1911.

Devemos entender que o Pentecostalismo brasileiro nunca foi homogêneo em razão de suas diferenças internas. O sociólogo Ricardo Mariano classifica o Pentecostalismo brasileiro em três vertentes: Pentecostalismo Clássico, Deuteropentecostalismo e Neopentecostalismo.  Vejamos cada uma delas:

a. Pentecostalismo Clássico. A primeira vertente do Pentecostalismo reproduziu no Brasil uma tipologia Norte Americana e é chamada de “Pentecostalismo Clássico”, que abrange o período de 1910 a 1950. Esse é o período de fundação e “domínio” Pentecostal dessas duas denominações: A Congregação Cristã no Brasil e a Igreja Assembléia de Deus, que se difundiram em todo território nacional. Ambas caracterizavam-se pelo anticatolicismo, ênfase na crença no Espírito Santo, sectarismo radical, principalmente a primeira, e por um ascetismo que rejeitava os valores do mundo e defendia a plenitude da vida moral. Essa vertente constitui a maior Igreja Evangélica brasileira representada pela Assembléia de Deus atualmente.

b. Deuteropentecostalismo: A segunda vertente é chamada de “Deuteropentecostalismo” vindo através da Igreja do Evangelho Quadrangular, em 1951, com o Missionário Harold Willians[13]. Na capital paulista, ele criou a Cruzada Nacional de Evangelização e percorreu quase todos estados brasileiros. O seu trabalho era centrado na cura divina e na evangelização das massas, principalmente pelo rádio, contribuindo bastante para a expansão do Pentecostalismo no Brasil. Paralelamente,  surgem duas Igrejas Pentecostais autônomas: “O Brasil para Cristo” (1955) e a “Igreja Deus é Amor” (1962), fundadas pelos missionários Manoel de Melo e David Miranda, respectivamente.

Nas décadas de 60 e 70, houve um movimento de avivamento com manifestações carismáticas, ou seja, pentecostais, nas Igrejas Tradicionais tendo como resultado o surgimento de vários grupos denominados “Renovados”. Há, a partir desse período, uma proliferação de novas Igrejas Pentecostais, como por exemplo, a Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil, Convenção Batista Nacional, Igreja do Avivamento Bíblico, Igreja Metodista Wesleyana, Igreja Cristã Maranata, entre outras.

c. Neopentecostalismo: A terceira vertente é a Neopentecostal. O neopentecostalismo tem início na segunda metade dos anos 70. São igrejas fundadas por brasileiros que, influenciados por movimentos norte-americanos, começaram suas denominações com características diferentes das duas vertentes anteriores. A Igreja Universal do Reino de Deus, Internacional da Graça de Deus, Comunidade Sara Nossa Terra e a Renascer em Cristo, estão entre as principais. As igrejas Neopentecostais se utilizam intensamente da mídia eletrônica para propagar seu movimento, funcionam como empresas e pregam a Teologia da Prosperidade. O Neopentecostalismo constitui a vertente pentecostal mais influente e a que mais cresce hoje no Brasil.

O Pentecostalismo iniciado na Rua Azuza, em 1906, está completando um século. E, como resultado de sua consistência e seriedade, tem se mantido por todo esse tempo e com certeza continuará até a volta do Senhor. Os desvios e abusos que eventualmente têm surgido não podem descaracterizar aquilo que nasceu no coração de Deus, que é reavivar o seu povo para uma obra do fim. Que Deus nos ajude a ser renovados cada dia!!!

4. Bibliografia

CÉSAR, Elben M. Lens. História da Evangelização do Brasil. Viçosa, MG: Ultimato, 2000.

MARIANO, Ricardo. Neopentecostais. São Paulo: Edições Loyola, 1999.

TUCKER, Ruth. “...Até os Confins da Terra.” São Paulo: Vida Nova, 1986.

www.monergismo.org. com

 

Pr. Florencio de Ataídes