História do Presbiterianismo no Brasil

07/11/2011 17:47

História do Presbiterianismo no Brasil

O Presbiterianismo no Brasil é fruto do trabalho missionário do norte-americano Ashbel Green Simonton. Ele chegou ao Brasil no dia 12 de agosto de 1859 e, algum tempo depois, começou o seu ministério fundando a Igreja Presbiteriana do Brasil em 1862, no Rio de Janeiro. Podemos dividir o Presbiterianismo do final do século XIX em 3 etapas distintas:

1. Época de Simonton – de 1859 a 1867

Havendo iniciado o trabalho na capital do Brasil, Rio de Janeiro, faz sua primeira viagem para o interior do estado em 1860, visitando também a cidade de São Paulo e algumas do interior paulista. Em razão do seu contato nesta cidade, algum tempo depois começa, em 29/04/1963, a IPB na capital Paulista com o missionário Alexander Latmer Blackford e sua esposa Lilie, irmã de Simonton. Este casal tinha vindo dos Estados Unidos para ajudá-lo no Brasil (ATAÍDES, p. 41).

Em 1864, Blackford recebe a visita de Antonio Martins Borges, da cidade de Brotas-SP. Este queria saber mais sobre o Evangelho, pois havia sido abordado por José Manoel da Conceição, JMC, um ex-padre que havia se entregado a Cristo. Em 1865, Blackford visita essa cidade e, ali, organizou-se a 3ª Igreja Presbiteriana no Brasil.

Com três igrejas organizadas, Simonton organiza o Presbitério do RJ, em 16 de dezembro de 1865 e ordena o primeiro pastor brasileiro, JMC. Em oito anos e quatro meses, Simonton organizou três igrejas (Rio, São Paulo e Brotas), um Presbitério (Rio de Janeiro), um Jornal (Imprensa Evangélica), um Seminário (Seminário Primitivo) e uma Escola (No Rio). Vítima de febre amarela falece, no dia 09 de dezembro de 1867 em São Paulo, e é sepultado no cemitério dos protestantes.

2. Expansão do Presbiterianismo – de 1867 a 1888

Com a morte do missionário Simonton, a Igreja Presbiteriana continuou o seu trabalho com os missionários americanos, pastores nacionais e leigos. O ex-padre JMC teve um papel importante no trabalho de evangelismo de cidade em cidade no estado de São Paulo e sul de Minas. Neste período, ocorre a formação dos primeiros líderes nacionais e há uma grande expansão da evangelização, sendo muitas igrejas organizadas, tais como, Sorocaba e Borda da Mata, em 1869, e muitas outras nos anos seguintes. Este foi um momento importante do trabalho leigo no Brasil. Estes leigos, presbíteros e membros da igreja, continuaram evangelizando e distribuindo Bíblias com muito amor e fervor. Entre eles, podemos destacar o presbítero João Antunes de Moura, moradora da cidade de Faxina (hoje Itapeva-SP), que se empenhou em levar Bíblias, como colportor, a várias cidades da sua região, inclusive chegando ao Estado do Paraná nas cidades de Guarapuava e Ponta Grossa (ATAÍDES, p. 99). Este irmão era avô do Pr. Ner de Moura hoje com 93 anos e pastor jubilado pela Igreja Presbiteriana Renovada.

Em razão desse crescimento, em 1888 foi criado o Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana no Brasil. Este Sínodo era composto por missionários norte-americanos tanto do Sul como do norte, de pastores nacionais e presbíteros.

3. Período entre a criação do Sínodo e a Cisão – de 1888 a 1903

Com a criação do Supremo Concílio, a igreja alcançou certa independência e alguns problemas afloraram, trazendo consigo algumas dificuldades. Pelo menos três problemas durante este período vão gerar a divisão da igreja em 1903: o Sínodo, o Seminário e a maçonaria.

3.1. A relação dos missionários com os concílios

Blackford, representava o Sínodo do norte dos Estados Unidos e Smith, o do sul. Isto trouxe certo desconforto aos pastores nacionais que achavam que os mesmos não deveriam fazer parte da direção da igreja nacional. No entanto, os missionários não abriam mão disso, o que gerou certa dificuldade entre eles.

3.2. Reorganização do seminário

O segundo problema foi a escola em São Paulo (Mackenzie) que era também responsável pelo seminário. Alguns pastores brasileiros discordavam e queriam o Seminário separado da Escola. No entanto, os missionários faziam algumas exigências para investir num Seminário separado do Mackenzie, pois isso não era do interesse deles.

Em 1896, Eduardo Carlos Pereira, um dos principais líderes nacionais desafiou os missionários dizendo-lhes que se não investissem no Seminário separado da Escola, a Igreja Nacional o faria, lançando então uma campanha, através do “Estandarte” (Jornal Presbiteriano), a fim de arrecadar 100:000$000 (cem contos de réis) para essa finalidade. Afirmava ele: “vamos tirar das nossas algibeiras”. O resultado não foi o esperado, por isso, até a cisão em 1903, não haviam conseguido o montante necessário para tal obra.

  1. Incompatibilidade da maçonaria com o Evangelho

Em 1898, surge a questão da incompatibilidade da maçonaria com o Evangelho. Alguns pastores nacionais levantaram essa questão, usando o “Estandarte” para propagar suas teses. Eles acusavam a maçonaria de servir de instrumento ou “mão-de-gato” ao Mackenzie para tirar o Seminário da Igreja. O Rev. Eduardo C. Pereira, líder dessa facção e pastor da catedral de São Paulo, propôs demitir ou eliminar os maçons da igreja nos seguintes termos:

  1. “Que os secretários permanentes dos diversos presbitérios passem cartas demissórias aos missionários dos Boards para quaisquer presbitérios dos Estados Unidos indicados pelos mesmos; e, caso não peçam as ditas cartas no prazo de noventa dias, sejam eliminados dos respectivos presbitérios.
  2. Que os secretários permanentes dos diversos presbitérios passem cartas demissórias  aos ministros e crentes maçons para qualquer igreja Evangélica indicada por eles mesmos; e, caso não as peçam no prazo de noventa dias, sejam eliminados do rol dos respectivos presbitérios e igrejas.” (PEREIRA, p. 20).
  3. No Sínodo de 1903, nas primeiras sessões, travou-se uma guerra sobre a maçonaria. Não havendo conciliação pela intransigência da minoria que radicalmente rejeitava a maçonaria ocorreu a separação, em 31/07/1903. Criou-se, então, a IPI – Igreja Presbiteriana Independente. Eduardo C. Pereira, logo após a cisão, escreveu: “Contristados, despedimo-nos do Sínodo na memorável noite de 03 de julho de 1903, lamentando profundamente que os missionários tivessem preferido tão dolorosa solução às nossas dificuldades eclesiásticas”, (PEREIRA, p. 27).

O Sínodo justificou-se dizendo: “os irmãos dissidentes insistiam em que a nossa igreja pronunciasse contra a maçonaria...” (PEREIRA, p. 27 e 28) e explicou que entendiam que a maçonaria não era incompatível com o Evangelho. A partir desse momento, por aproximadamente 70 anos, tivemos duas igrejas presbiterianas no Brasil: a IPB e a IPI.

No final da década de 60 e começo da década de 70, surgiu o Avivamento dentro dessas igrejas. O avivamento provocou dissidências no meio presbiteriano tradicional surgindo a ICP – Igreja Cristã Presbiteriana – em 1968, e a IPIR – Igreja Presbiteriana Independente – em 1972. Essas duas denominações deram alguns passos para a unificação, o que ocorreu em 08/01/1975, nascendo então a IPRB – Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil. Durante 34 anos a IPRB tem caminhado e crescido, dos 8.335 membros hoje são mais de 116.000. Enfrentou alguns problemas, venceu o período de transição e assumiu a sua identidade.

A IPRB é uma grande denominação. Possui a Gráfica e Editora Aleluia, que tem uma excelente estrutura, dois conceituados seminários – o Seminário Presbiteriano Renovado, um em Cianorte-PR e outro em Anápolis-GO, uma Agência Missionária – a Mispa (Missão Priscila e Áquila) – em Assis-SP (www.iprb.org.br). Acima de tudo, tem um patrimônio incalculável que são os seus pastores, missionários e membros. Que Deus continue abençoando os presbiterianos no Brasil e que neste aniversário de 150 anos da chegada de Simonton louvemos juntos a Deus pelo presbiterianismo no Brasil até que o Senhor volte! Que Deus nos abençoe!

 

Pr. Florencio de Ataídes

Bibliografia:

ATAIDES, Florencio Moreira de. SIMONTON: o missionário que impactou o Brasil. Arapongas-PR: Aleluia, 2008.

PEREIRA, Eduardo Carlos. As Origens da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. São Paulo: Almenara, 1965, 2ª Ed.

Site: https://iprb.org.br. In: 07/06/09